Um pouco de tolerância não faz mal a ninguém, dizia o meu pai, advogado do Banco do Brasil na fronteira oeste do RS, com sede em Uruguaiana.
Tem gente que considera o devedor como um criminoso, um sem-vergonha, um irresponsável, um indivíduo descumpridor de seus compromissos. Não entra no mérito das razões da inadimplência, nem das condições do devedor, se está doente, se teve um desastre, se é idoso, se está numa maré de azar, se o empréstimo era abusivo e impagável. Venceu, não pagou, tem que cobrar tudo da forma mais radical. Esse tipo de gente adorava os homens de vermelho, que cobravam humilhando o devedor e sua família. Lembram ? A Justiça em boa hora impediu essa atrocidade.
Tem gente, portanto, que tem tolerância zero com os devedores. Tem satisfação de serem durões. Gostam de cobrar as dívidas de forma agressiva, querem dar lição de educação financeira, são avessos a acordos, não transigem nunca, a não ser em ninharias, são mesquinhos.
A minha longa experiência me demonstrou que o caminho da intolerância não é o melhor. Os gestores, poucos, que trilham esse caminho terminam se dando mal, até pessoalmente.
O melhor caminho hoje é o da negociação, da conciliação, da arbitragem. Na semana passada o presidente do TJ de São Paulo fez um apelo nesse sentido, para que fossem encerrados milhões de processos de execução , que só servem para alimentar a sanha de advogados a serviço de gestores intolerantes.
E toda a negociação nao pode ser unilateral, só boa para um dos lados. Ambos têm que ganhar e perder, ambos tem que transigir. E para que tal aconteça é necessário uma boa dose de tolerância.
Para aqueles que só querem que eu trate aqui no blog de questões especificas, peço paciencia pela postagem de hoje, que não é simples filosofia ou blá blá blá.Tem direção certa e tem significado, razão de ser.
Sim, um pouco de tolerância não faz mal a ninguém. E a vida fica melhor pra todo mundo, com certeza.