INFERNO NA TORRE

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Nao bastassem todas as emoções e sobressaltos que já passei, a madrugada de ontem me reservou mais um susto em minha vida. Vou contar porque do episódio decorrem alguns ensinamentos básicos de muita valia em momentos assim.


As duas da madrugada  Ana e eu fomos acordados quando tocou o telefone avisando que havia um incêndio no quarto andar do prédio onde resido no oitavo e minha sogra no 17.  Eu acabara de assistir a vitória do Inter sobre o América e a conquista da copa Brasil pelo Cruzeiro e tinha aprontado a bagagem para viajar ao Rio no dia seguinte a fim de participar da reunião do CD da Previ

                          
Levantamos dispostos a descer pela escadaria até a rua.  Ao abrir a porta deparamos com uma fumaceira terrível com odor insuportável. Não dava para enxergar nada. Não conseguimos chegar sequer nos primeiros degraus. Tivemos que voltar para o apartamento nesta altura já inundado pela fumaça tóxica. Bateu o desespero, próximo do pânico. Que fazer ?

Pela janela vimos que haviam chegado mais dois carros de bombeiros. Gente correndo. Fumaça saindo do quarto andar. Abrimos todas as janelas do apartamento para ventilar. Colocamos máscaras no nariz e na boca. Procuramos nos informar sobre a situação pelo celular. Acionamos uma filha e o genro. O tempo demorava a passar. Minutos angustiantes. Indisposição causada pela fumaça. Sensação de estar preso numa ratoeira.  Estava difícil de respirar. Vamos morrer sufocados ?

Aí bateram na porta com violência. Era um bombeiro mandando descer por causa da fumaça tóxica. A fumaça já tinha subido e diminuído. Era possível ver a escadaria. Ana foi com o bombeiro avaliar a situação da mãe, inválida, com 94 anos, no 17 andar e eu , bastante intoxicado, fui obrigado a ir para a rua respirar e tomar oxigênio, se necessário.

O incêndio foi inteiramente debelado algum tempo depois. Foi causado por um celular deixado para carregar na parede, numa tomada antiga,  em cima de um sofá de fazenda na sala da frente do apartamento enquanto o casal dormia no quarto nos fundos.

Não façam isso. Não é a primeira vez que acontece. Tem que carregar em local seguro.

Para descer com segurança na escadaria tomada pela fumaça coloque no nariz um pano umedecido e desça de bruços, se arrastando, pois a fumaça fica trinta centímetros acima do solo. As chances de intoxicação são menores.

Quando o incêndio é provocado por aparelho eletrônico desligue a luz imediatamente, abaixe todos os disjuntores do apartamento e use o extintor adequado. Nao utilize água.

Num incêndio morre mais gente envenenado pela fumaça tóxica do que queimado. Poderia ter acontecido comigo.

Depois que passa o susto, eu ainda estou em fase de observação, que dura 48 horas, a gente se dá conta do que poderia ter feito e dos riscos desnecessários que correu, como foi o caso de abrir a porta do apartamento sem a devida proteção no nariz. Mas na hora bate um pânico danado.

Tudo bem. Já passou. Graças a Deus. Mais essa emoção. Eu não precisava. Mas valeu pela experiência. No edifício começou um trabalho preventivo que passa por um treinamento que nunca houve e um debate sobre os equívocos acontecidos. Vamos que vamos.




23 comentários:

Adaí Rosembak disse...

Caro Medeiros,

Que coisa horrível.
Calculo a tensão que você e os seus passaram.
Viver em prédios envolve riscos, por vezes sérios.
Como você sabe, sofri um acidente em um elevador que não estava no andar e a porta do mesmo abriu e eu entrei. Rompi os ligamentos das pernas e no outro dia fui operado. Até hoje tenho sequelas desse acidente.
Há anos atrás também passei por um problema parecido com o seu.
Um elevador lotado em um prédio comercial parou e o socorro demorou muito.
Faltava ar, uma senhora desmaiou e um senhor passou mal.
A aflição era grande.
Situação muito parecida com a situação que você passou.
O seu aviso sobre celulares foi muito útil.
Temos de estar atentos.
Espero que você tenha superado esse incidente sem qualquer consequência mais séria.

Abração do Amigo

Adaí Rosembak

Cadé disse...

Foram horas de sufoco, graças a Deus que tudo terminou bem. Fica a experiência. Boa sorte amigo, saúde e vida longa para ti.
Cadé

joao trindade disse...

Sou brigadista (faço parte da brigada de incêndio do prédio onde moro) e sei o sufoco que o Dr. passou, juntamente com seus familiares.
A conscientização para evitar problemas (90% de casos assim são evitados, com prevenção e compromisso de TODOS).
Graças a Deus tudo se normalizou.
Infelizmente, nossa cultura (brasileira) é de falta de cuidados e não se procura informação. Achamos que o vizinho é que tem que se cuidar e esquecemos que nós somos o vizinho dêle.
Agradeço a Deus e à Sua Providência pelo desfecho dêsse evento.
Saúde e Paz.

Anônimo disse...

Eita Dr. Medeiros !!!

Que susto brabo esse que Vossa Senhoria passou, hein? Na véspera da reunião? Sei não ...
Teorias de conspiração a parte ainda bem que foi avisado com antecedência.
Saúde para todos

Anônimo disse...

E aí Mestre Medeiros como você está ?

Nildete disse...


Bom dia, doutor Medeiros


Graças a Deus que o senhor e todos que residem no prédio estão bem. Penso no sofrimento e angústia que passaram. Fica uma lição sobre o celular que precisamos divulgar.

Um abraço e vamos agradecer muito a Deus.

Medeiros disse...

Agora há pouco fui examinado e liberado. Recebi alta. Houveram alguns danos provocados pela fumaça tóxica. Nos olhos, infelizmente. No fígado e no pulmão. Mas não foram considerados relevantes. Poderão ser revertidos. Aos poucos. Tive sorte. Fui pego de surpresa pela fumaça e aspirei uma certa quantidade. Hoje estou me sentindo melhor. Mas perdi a euniao do CD da Previ, que eu não queria faltar. Ainda tem três moradores hospitalizados. Um caso é preocupante.

Carlos São Thiago disse...

graças a Deus terminou tudo bem.


Anônimo disse...

Obrigado pelas dicas sobre os perigos de carregar o celular de noite e em lugar inadequado.

Anônimo disse...

Caro Medeiros,

Entendi. O celular não precisa explodir. Se ele esquentar em cima de um pano, o pano pega fogo.

Anônimo disse...

Muito bom o relato . Real. Adverte sobre o risco da fumaça tóxica é sobre a necessidade de treinamento. Muito bom. Vou compartilhar.

Aderbal

sss disse...

Esses momentos surpresas que a vida nos prepara é que servem de base para que saibamos lidar e sobressair em momentos iguais que fatalmente virão.
Dentre alguns desses momentos surpresa na minha vivência, que não são poucos, um sempre me vem à tona: em Brasília, onde funciona a agência central do banco, no elevador, pela manhã, horário de pico pela chegada dos funcionários para iniciar a jornada, numa boa altura o elevador parou. De início aquele burburinho, depois alguns comentários mais contidos até que em dado momento, o silêncio, que logo é quebrado por alguém mais exaltado pela medo ou euforia. Lá no fundo do elevador uma mulher se destacava, não só pela beleza jovial, mas por estar grávida. Foi então que se pôde perceber que seu silêncio era devido ao pavor que sentia. A atenção de todos se voltou para ela, cada um apresentava sua maneira de acalmá-la enquanto o socorro não vinha. Nessa altura, passado mais de uma hora e os técnicos com pleno conhecimento do problema, a grávida começou a se exaltar e a preocupação de todos, também, aumentara. Do lado de fora do elevador era possível perceber a movimentação dos técnicos. Em dado momento a exaltação se transformara em pânico e os gritos de socorro eram uníssonos pelo fato de que a situação de nossa grávida se agravara e percebia-se que a qualquer momento ela poderia desmaiar, ou mesmo entrar em trabalho de parto. Lá fora os técnicos, apavorados, tentavam uma solução.
Foi então que veio a informação que teríamos de passar do nosso elevador para o elevador vizinho por uma porta lateral existentes em ambos os carros. Santo Deus! Mas logo que houve condição da travessia uma equipe médica entrou em nosso elevador para prestar os primeiros socorros à nossa grávida e, Graças a Deus, tudo estava bem com ela.
Em outra oportunidade contarei como foi a travessia entre elevadores para algumas pessoas...

Anônimo disse...

Já lição maior é não entrar em pânico e agir.

Anônimo disse...

Situações de perigo só servem para nos fortalecer. Mostrar coragem e superação. A vida é assim. Estamos sujeitos a riscos. Que bom que tudo terminou bem para o casal. Parece que os moradores do apartamento sinistrado estão ainda no hospital. Verdade ?.

Medeiros disse...

Sim, verdade.

Jair Mário Bork disse...

Impressionante a situação que enfrentastes. Quando achamos que já passamos por tudo na vida, acontece uma barbaridade dessas. Felizmente, teve um final feliz e mais uma história para contares aos teus netos.

goulart disse...

Caro dr. Medeiros, graças a Deus e Jesus, o senhor conseguiu, com bastante agilidade e pasciência, se sair deste junto com sua esposa. O mais importante, sabemos que é difícil, é manter a calma...

sss disse...

Dr. Medeiros, narrei um conto e acabei esquecendo de dizer o quanto estou feliz em saber que estais bem juntamente com sua esposa, assim como os demais. Que as duas pessoas que sofreram maiores consequências sejam rapidamente recuperadas, e plenamente.
Saúde, Dr. Medeiros. E vamos que vamos.

Anônimo disse...

Dr Medeiros

Tomar muito leite ajuda a desintoxicar. Me disseram.

Medeiros disse...

Os bombeiros falaram que é mito. O que tem que fazer é tomar oxigênio e água , além do soro .

Anônimo disse...

Obrigado pelos esclarecimentos úteis.

Aristophanes disse...

Prezado Medeiros.
Deixei a fumaça passar, pra lhe mandar, a você e familiares, um refrescante abraço de solidariedade e a alegria do final 95% feliz(sem margem de erro). Bota no currículo. Era só o que faltava! Cordialmente, Aristophanes.
PS. Esquece Previ e CD.São fantoches.Quem manda e desmanda é o Patrocinador. Desisti!

Medeiros disse...

Obrigado Mestre. Não me faltam emoções.